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sexta-feira, 20 de julho de 2012

TEXTOS DE APOIO PEDAGÓGICO " A FOME" e " A DIMENSÃO DA POBREZA, DA FOME E DA DESNUTRIÇÃO NO BRASIL".

Na Formação Continuada da Secretaria Estadual de Educação de Pernambuco, recebemos  o caderno de orientações Pedagógicas para Educação em Direitos Humanos- Rede Estadual de Ensino de Pernambuco.É um material rico, com temáticas elaboradas pela Secretaria de Educação, cujo objetivo é oferecer mais subsídios para o trabalho pedagógico do professor(a). Postarei alguns textos, que merecem profunda reflexão, não só por nós educadores, mas por toda 
sociedade.



Texto de Apoio
1º  A fome

“Denunciei a fome como flagelo fabricado pelos homens,
contra outros homens”.
“Mais grave ainda que a fome aguda e total, devido às suas repercussões
sociais e econômicas, e o fenômeno da fome crônica ou parcial, que corrói silenciosamente inúmeras populações do mundo”.
Josué de Castro



A fome é, conforme tantas vezes tenho afirmado a expressão biológica de males sociológicos. Está intimamente ligada com as distorções econômicas, a que dei, antes de ninguém, a designação de subdesenvolvimento.
A fome é um fenômeno geograficamente universal, a cuja ação nefasta nenhum continente escapa. Toda a terra dos homens foi, até hoje, a terra da fome. As investigações científicas, realizadas em todas as partes do mundo, constataram o fato inconcebível de que dois terços da humanidade sofrem, de maneira epidêmica ou endêmica, os efeitos destruidores da fome.
A fome não é um produto da superpopulação: a fome já existia em massa antes de fenômeno da explosão demográfica de pós-guerra. Apenas esta fome que dizimava as populações do Terceiro Mundo era escamoteada, era abafada era escondida. Não se falava do assunto que era vergonhoso: a fome era tabu.
No mangue, tudo é, foi ou será caranguejo, inclusive o homem e o lama. Não foi na Sorbonne, nem em qualquer outra universidade sábia que travei conhecimento com o fenômeno da fome. A fome se revelou espontaneamente aos meus olhos nos mangues do Capiberibe, nos bairros miseráveis do Recife – Afogados, Pina, Santo Amaro, Ilha do Leite. Esta foi a minha Sorbonne. A lama dos mangues de Recife, fervilhando de caranguejos e povoada de seres humanos feitos de carne de caranguejo, pensando e sentindo como caranguejo.
São seres anfíbios – habitantes da terra e da água, meio homens e meio bichos. Alimentados na infância com caldo de caranguejo – este leite de lama -, se faziam irmãos de leite dos caranguejos. Cedo me dei conta desse estranho mimetismo: os homens se assemelhando em tudo aos caranguejos. Arrastando-se, acachapando-se como caranguejos para poderem sobreviver. Impressão que eu tinha, era de que os habitantes dos mangues - homens e caranguejos nascidos à beira do rio – à medida que iam crescendo, iam cada vez se atolando mais na lama.
Foi assim que senti formigar dentro de mim a terrível descoberta da fome. Pensei a princípio que era um triste privilégio desta área onde eu vivo – a área dos mangues. Depois verifiquei que, no cenário de fome do Nordeste, os mangues eram uma verdadeira terra da promissão, que atraía homens vindos de outras áreas de mais fome ainda – das áreas da seca e da monocultura da cana-de-açúcar, onde a indústria açucareira esmagava, com a mesma indiferença, a cana e o homem, reduzindo tudo a bagaço. Vê-los agir, falar, lutar, viver e morrer, era ver a própria fome modelando com suas despóticas mãos de ferro, os heróis do maior drama da humanidade – o drama da fome.
E foi assim que, pelas histórias dos homens e pelo roteiro de rio, fiquei sabendo que a fome não era um produto exclusivo dos mangues. Que os mangues apenas atraíram os homens famintos do Nordeste: os da zona da seca e os da zona da cana. Todos atraídos por esta terra de promissão, vindo se aninhar naquele ninho de lama, construído pelos dois e onde brota o maravilhoso ciclo de caranguejo. E quando cresci e si pelo mundo afora, vendo outras paisagens, me percebi com nova surpresa que o que eu pensava ser um fenômeno local, era um drama universal. Que a paisagem humana dos mangues se reproduzia no mundo inteiro. Que aqueles personagens da lama do Recife eram idênticos aos personagens de inúmeras outras áreas do mundo assolados pela fome. Que aquela lama humana do Recife, que eu conhecera na infância, continua sujando até hoje toda a paisagem de nosso planeta como negros borrões de miséria: as negras manchas demográficas de geografia da fome.


Fonte: CASTRO, Josué. A Fome. Disponível em: http://www.josuedecastro.com.br/port/index.html.
Acesso em 16 de novembro de 2011. (Fragmento de texto sobre obras de Josué de Castro.).



2°  A dimensão da pobreza, da fome
e da desnutrição no Brasil
Carlos Augusto Monteiro

Definindo Conceitos:

            São pobres as pessoas que não suprem permanentemente necessidades humanas elementares como comida, abrigo, vestuário, educação, cuidados de saúde etc. Têm fome aqueles cuja alimentação diária não aporta a energia requerida para manutenção do organismo e para o exercício das atividades ordinárias do ser humano. Sofrem de desnutrição os indivíduos cujos organismos manifestam sinais clínicos provenientes da inadequação quantitativa (energia) ou qualitativa (nutrientes) da dieta ou decorrentes de doenças que determinem o mau aproveitamento biológico dos alimentos ingeridos. Ainda que compartilhando terreno comum, os três conceitos descritos diferenciam-se. Esta diferenciação torna-se mais evidente através de exemplos. Um indivíduo, ou toda uma sociedade, poderá estar livre da fome e ainda assim ser pobre, bastando que sua pobreza se expresse através do não-acesso a educação e a cuidados de saúde, de condições insalubres de moradia ou através de outras carências materiais igualmente importantes. A situação inversa, ocorrência de fome na ausência de uma situação de pobreza, ocorre apenas excepcionalmente e sempre por tempo determinado, como por ocasião de guerras, cercos e cataclismos. Fome e desnutrição tampouco são conceitos equivalentes uma vez que, se toda fome leva obrigatoriamente à desnutrição, nem toda desnutrição se origina da deficiência energética das dietas, sobretudo a população infantil. A deficiência específica de macro e micronutrientes, o desmame precoce, a higiene alimentar precária e a ocorrência excessiva de infecções são causas bastante comuns da desnutrição infantil. Ainda que não equivalentes, os conceitos de pobreza e desnutrição são os que mais se aproximam, uma vez que o bom estado nutricional, sobretudo na criança, pressupõe o atendimento de um leque abrangente de necessidades humanas, que incluem não apenas a disponibilidade de alimentos, mas também a diversificação e a adequação nutricional da dieta, conhecimentos básicos de higiene, condições salubres de moradia, cuidados de saúde, entre outras.
- Será que a nossa realidade social  é diferente?
- Será que nossas crianças, vivenciam a cidadania plena igualmente?
- As Leis brasileiras são realmente cumpridas?
- O que nós educadores podemos fazer, se somos facilitadores da aprendizagem e preparamos seres humanos para a vida?

Vale a pena refletir!!

 FONTE DE PESQUISAS :Rede Estadual de Ensino de Pernambuco. CADERNO DE ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS PARA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS, Pg:12 -14 (2012)
Fotos: Cópias da internet.

4 comentários:

  1. Olá Professora, vim retribuir e agradecer a visita e também conhecer mais de seu trabalho, me interando das postagens. Já gostei da postagem de recepção... é um bom assunto prá discussão, a fome envergonha e devia indignar a todos nós brasileiros, de um jeito mais reativo... uma pena que não é assim! Vou continuar, aqui, lendo... tenha um ótimo dia, beijinhos.

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    1. Oi Marcia, obrigada pela visita e participação no blog. Volte sempre esse cantinho é nosso. Fico feliz que gostou das postagens destacando esta, que realmente abre um leque de discussões de situaçãoe que devem ser mudadas. Um feliz dia do amigo!!

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  2. Olá professora Lourdes.
    Lí o seu o texto como sugerístes.
    Realmente,as palavras de Josué De Castro, descrevem a fome com consequências das desigualdades sociais, tragédia humana globalizada.
    Vou um pouco mais além: a fome é uma forma de voto de cabresto. Só que não colocado na cabeça do animal para controlá-lo.Colocado, sim, no estômago do ser humano. Ou seja, ultrapassa os limites das necessidades primordiais e fundamentais das pessoas.É uma forma de manter as pessoas submetidas aos interesses grupos políticos.Espaço, dinheiro,vontade de trabalhar,condições climáticas, recursos ambientais existem.
    Um grande abraço.
    Vou buscar um de seus mimos.
    Obrigado pelo carinho.
    Volte sempre.

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    1. Boa tarde professor Gilberto, obrigada pela reflexão, concordo com você, este texto trabalharei com meus alunos de Sociologia e a sua contribuição será bem vinda. Volte sempre esse cantinho é nosso.Fico feliz que gostou do mimo.

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