A ESCOLA , ESPAÇO PARA
FORMAR ALUNOS LEITORES E ESCRITORES.
A escola é o espaço
de interlocução onde a criança deverá ter a oportunidade de interagir com uma
diversidade de textos orais e escritos, e que possam ser também, diferentes dos que fazem parte do
seu dia-a-dia, para que assim,
compreendam outras realidades. Ler e escrever como interlocução significa
apropriação e produção de uma linguagem onde a criança tenha condições de
estabelecer relação com o outro dialogando e produzindo sentido novo. Através
da possibilidade de ler e produzir diferentes tipos de textos, dos mais simples
aos mais elaborados, é que tornará as crianças em leitores e escritores.
A leitura é uma das chaves para entrar
em outros mundos: reais ou imaginários, possíveis ou impossíveis. E aos poucos
os alunos vão adotando esta prática naturalmente, lendo por prazer e não por
imposição. Dessa forma, vai se investindo na formação de leitores, fazendo com
que as crianças tenham pressa e gosto por aprender a ler. Caminhando e girando
no fascinante mundo da leitura. Como nos mostra Mota citado por Silva (1983):
Quando
a leitura é uma necessidade, um “gosto” apreciado no ambiente em que a criança
vive se é partilhado, usufruindo em comum , a criança desenvolverá o quanto
puder a capacidade de ler, mesmo que ainda não conheça, não domine a leitura, a
palavra escrita. (MOTA apud SILVA 1983, p. 146).
Verifica-se que quanto mais
oportunidades os alunos tiverem para ouvir, ver e sentir a leitura alheia maior
será o repertório deles, maior será a sensibilidade para compreender o que lêem
e ouvem, gerando mais desejos e paixões
pela leitura.
A
atividade de leitura se faz presente em todos os níveis da sociedade, sendo um
instrumento fundamental, desenvolvido pela escola para a formação dos alunos.
Na escola e na vida, são muitas as produções de leitura: lê-se para obter
informação e ampliar o universo histórico e cultural: lê-se em busca de
diversão e descontração; lê-se para alargar os limites do próprio conhecimento;
lê-se para chegar ao “prazer do texto”, que resulta de um trabalho dialógico
árduo, de um corpo a corpo entre o leitor e sua experiência prévia do mundo, e
o autor e seu texto característico.
Logo, a leitura de textos
diversificados favorece aos e alunos desenvolver a capacidade de analisar
criticamente os usos lingüísticos, fazendo com que os momentos de aprendizagens
estreitem os laços com a função social da linguagem, considerando a sua
utilização cotidiana, veiculando diferentes intenções.
A
compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização
de estratégias para se realizar a interação texto-leitor. Ler um texto
representa um esforço na busca de sue sentido, de suas intenções; e para que
esta tarefa se processe de forma prazerosa e eficaz é fundamental prepará-la
desde o início. A competência que os alunos constroem para lidar com as
diversidades que encontram de realizar atividades em que sejam convidados a ler
e a produzir textos. A professora Ângela Kleiman afirma que:
(...)
quanto mais diversificada a experiência de leitura dos alunos, quanto mais
familiaridade eles tiverem com textos narrativos, expositivos, descritivos,
mais conhecida será a estrutura desse texto, e mais fácil a percepção das
relações entre a informação veiculada no texto e a estrutura do mesmo. (KLEIMN,
1993, p.87).
O trabalho com a leitura pressupõe a
construção do(s) significado(s) do texto. A leitura estabelece uma troca, um
diálogo entre autor e leitor e este constrói os significados do texto a partir
da interação. As experiências anteriores de leitor irão influenciar suas
atividades e a própria capacidade de interpretar e criticar. Daí a grande
importância do contato com diferentes materiais impressos antes de a criança
ser alfabetizada. A leitura, além de ter um valor técnico para a alfabetização,
é ainda uma fonte de prazer, de satisfação pessoal, de conquista, de
realização, servindo de grande estímulo e motivação ara que a criança goste da
escola e de estudar. Na escola, a presença da leitura se inicia no período da
alfabetização, quando a criança passa a compreende o significado potencial de
mensagens registradas através da escrita. A alfabetização é, portanto, um
processo que se inicia bem antes da entrada das crianças na escola, ela está
acontecendo na vida, enquanto os indivíduos agem e interagem. Faz-se necessário
considerar toda essa aprendizagem informal, porém valiosa, que as crianças
constroem em contato com outras crianças, com adultos, e com o meio. Cada
criança possui uma “bagagem cultural” determinada no caso da leitura e da
escrita, pela maior ou menor exposição, contato e experimentação com todo o
tipo de material escrito, e ainda, pela quantidade de interlocução que se estabelece
com outras crianças e adultos presentes em seu meio social.
Vygotsky afirma que:
A aprendizagem
está relacionada ao desenvolvimento desde o início da vida humana. Sendo um
aspecto necessário e universal do processo de desenvolvimento das funções
culturalmente organizadas e especificamente humanas. (1984, p. 101).
O referencial teórico Vygotskyano
aponta os processos pedagógicos como intencionais, preocupando-se com a
importância da intervenção pedagógica para que ocorra o processo de alfabetização,
de domínio do sistema de leitura e escrita.
Vygotsky teve seu olhar sempre
voltado para o espaço de atuação e interação desse sujeito com o mundo externo:
com outros sujeitos e o meio. Em conseqüência disso, a linguagem que para
Piaget resultava de determinadas estruturas cognitivas do sujeito, passa então
a ser entendida como interdependente e constitutiva do pensamento dos sujeitos,
desde ao nascer, por toda a vida. Portanto, a linguagem além de sistematizar as
experiências das crianças (cognitivas, sócio-afetivas, psicomotoras), também
estrutura e organiza os processos mentais formalizados assim, como todos os que
ainda estão em andamento.
A preocupação da escola deve ser garantir
que os alunos busquem esse significado, mas que essa busca esteja sempre
entrelaçada ao desejo de ler. É importante que as crianças façam inferências,
extrapolando o universo da palavra para o mundo em que vivem.
Votando ao pensamento de Kleiman (1989):
(...)
a leitura é um ato social, entre dois sujeitos – leitor e autor – que ”para
tornar os alunos bons leitores, para desenvolver, muito mais do que a
capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura – a escola terá de
mobilizá-los internamente, pois aprender a ler ( e também ler para aprender)
requer esforço. Precisará fazê-los achar que a leitura é algo interessante e
desafiadora, algo que conquistado plenamente, dará autonomia e independência.
Precisará torná-los confiantes, condição para poderem se desafiar a “aprender
fazendo”. Uma prática de leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não
é uma prática pedagógica eficiente”. (1997,p.58).
É necessário que a leitura seja
desde o início de sua aprendizagem, interpretada como um meio como um
instrumento para realizar ou buscar alguma coisa, seja um prazer, seja uma
informação, seja um conhecimento. Não faz sentido que o professor avalie a competência em leitura tendo como referência
tão somente a identificação de palavras sem verificar as habilidades do leitor
que ao ler uma história, busca entende-la, estabelecendo as ligações entre
partes diferentes do texto. Um trabalho desenvolvido no sentido de formar
leitores exige avaliação complexa, plural, em longo prazo. Se as crianças não
forem incentivadas desde o início da aprendizagem, se não puderem contar com o
apoio e a colaboração de seus professores e se não tiverem bons modelos de referência,
tornar-se-á quase impossível conquistar o prazer pela leitura. Afinal, o amor à
leitura e à escrita tem a ver com uma iniciação bem feita e apoiada durante o
período de entrada na vida escolar. O bom leitor é conseqüência da atmosfera
reinante no seu contexto social, principalmente das práticas presentes na
escola, cujo objetivo primordial é o de formar o leitor crítico, conforme
enuncia Silva:
A
leitura crítica é condição para a educação libertadora, é condição para a
verdadeira ação cultural que deve ser implementadas nas escolas (e nas bibliotecas).
A
explicação desse tipo de leitura, que está longe de ser mecânica (isto é, não
geradora de novos significados) será aqui feita através da caracterização do
conjunto de exigências com o qual o leitor crítico se defronta ao confrontar um
texto escrito, ou seja, constatar, cotejar e transformar. (1981, p.81).
Com base no pensamento da autora,é importante
salientar que o ato crítico de ler aparece como um conjunto de atos de
consciência do leitor, que são acionados no momento em que ocorre o encontro
significativo desse leitor com uma mensagem escrita, ou seja, quando esse
leitor se situa concreta e criticamente durante o ato de ler
Desse modo, o texto a ser lido e
criticamente analisado por um leitor será sempre um desafio para a compreensão
mais profunda e objetiva do contexto humano, assim, levando em consideração que
qualquer tipo de linguagem sempre possui um referencial mundo/realidade, ser
leitor é ser capaz de aprender os fatos referenciais inscritos num determinado
texto, o que significa dizer compreender a dinâmica do real e compreender-se
como um ser que participa dessa dinâmica.
Assim, a leitura de um texto não
pode ficar de maneira alguma, nos limites dela mesma, mas remeter o leitor à
percepção, o conhecimento e à análise da realidade.
O leitor crítico movido pela
intencionalidade de sua consciência desvela os significados indicados pelo
autor através do texto, mas não permanece nesse nível, ele reage, questiona,
problematiza, aprecia com criticidade, de acordo com as experiências que possui
em seu repertório.
Diante de sua compreensão a criança
leva consigo o alargamento do seu domínio lingüístico e considerando outros
aspectos essenciais e significativos para a formação de um novo tipo de leitor,
pode-se criar um cantinho de leitura em sala de aula, incrementando a
biblioteca da escola por meio de eventos variados, tais como: exposições de
livros, pesquisas e conhecer outras bibliotecas públicas e outras atividades
ligadas aos interesses da leitura para os alunos, mudando desta forma antigos
hábitos de leitura, a base da descoberta, podendo transformar a leitura em
aprendizagem significativas.
Portanto, ao ler um poema, uma
história interessante, contos de fadas com príncipes, princesas e castelos, uma
notícia de jornal que apresente para as crianças um acontecimento do momento
deixando-as por dentro das informações, ou mesmo uma trova popular, ou um texto
engraçado, o professor se encontra com uma experiência inesquecível e
fundamental na formação de um futuro leitor.
Segundo Silva (1983), as
interpretações que as crianças fazem dos textos literários, é, sem dúvida uma
condição essencial ao alargamento da compreensão do mundo pela criança, quando
afirma que: “a leitura crítica sempre leva à produção ou construção de outro
texto: o texto do próprio leitor. (...) a leitura crítica sempre gera
expressão: o desvela mento do ser leitor”. (1983, p.81).
Nesse sentido, faz-se necessário
entender a leitura como uma atividade de múltiplas funções para poder partilhar
com as crianças o prazer e a necessidade de ler.
Compreendendo
que a leitura/escrita é a base de aprendizagens múltiplas, e que é um
instrumento de poder e de transformação, cabe ao professor realizar um trabalho
que possibilite, no acontecer da leitura e a partir da verbalização das
impressões, criar o mundo dos textos em sua diversidade e pluralidade.
Através de uma escola questionadora
que ofereça aos educandos uma diversidade de materiais e de pensamento,
formando assim o leitor crítico, o leitor do mundo, condição esta para uma
educação significativa.
A formação de um leitor competente é
também a formação de um ser sensível, inteligente e aberto para o aprendizado
constante que se poderia fazer com a leitura na escola, caso contrario , a
leitura e a escrita, que deveriam completar-se no processo de construção do
conhecimento, perdem o significado, ou seja, não se atribui sentido ao que se
lê e ao que se escreve.
Num enfoque amplo do ensino da
leitura, o ensinar a ler para aprender deve vir acompanhado do prazer de ler, para isso a criança precisa ser motivada , é
preciso que o educador mostre que a leitura é algo interessante e desafiador.
Algo que conquistado plenamente terá autonomia, independência, ampliando as
possibilidades de pensar, de conhecer, de ler o mundo para transformá-lo.
Referências Bibliográficas
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da Educação. Secretaria da Educação Fundamental. Brasília MEC/SEF, 1997.
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KATO, Mary. A concepção
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KLEIMAN, Ângela.
Oficina de Leitura. Campinas: Pontes, 1993.
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Didática. São Paulo: Cortez, 1994 p. 195-261
MARTINS, Maria
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SILVA, Ezequiel
Teodoro. A leitura e a realidade brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto. 1983.
___________ Leitura
e realidade brasileira. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983.
VICOTSKY, LV. Sem Nevetch.
Pensamento e linguagem. São Paulo:
Fontes, 1993.
OBSERVAÇÃO: Todas as fotos postadas foram resultado de pesquisas na internet.
Adorei o blog, muito boas as postagens, essa sobre leitura fiz toda leitura e particulemente gostei muito, sou professora do língua portuguesa e sua contribuição está sendo maravilhosa, continuarei visitando o seu blog. Parabéns!
ResponderExcluirHa! amei as animações lindas!!!!
Obrigada professora de lingua portuguesa, que bom que aprovou o texto, volte sempre será um prazer, deixe sugestões, abraços.
ExcluirOi professora gostei muito do seu blog, estou gostando muito das postagens essa sobre leitura está muito boa, servirá para minha pesquisa. Sou professora e estou concluindo um trabalho científico, obrigada voltarei outras vezes. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirProfº Ana Paula, abraços.
Oi Professora Ana, que bom que os textos postados estão sendo aprovados por você e servirá para ajudar na sua pesquisa. Vi outros comentários seus em outras páginas, isso é muito bom!!! Volte sempre esse cantinho é nosso. Abraços.
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