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terça-feira, 9 de dezembro de 2014

MENSAGEM DO DIA "DÚVIDAS E AUTOESTIMA"





DÚVIDAS E AUTOESTIMA


Quando se está tomando um caminho novo, ter dúvidas é normal. E a dúvida é útil porque serve para esclarecer e averiguar com mais informações e reflexão a situação na qual nos encontramos e o que temos à disposição.

Lidar com a dúvida, porém, não é tão simples. Por um lado, ela parece ser racional, exigindo raciocínio e informações para ser resolvida. Por outro, ela pode se tornar uma espinha no pé que impede o caminhar. Isso acontece porque por trás da dúvida se esconde outra questão, mais séria. Digamos, por exemplo, que temos a dúvida em relação a qual caminho tomar, se o da serra ou aquele da beira mar para chegar em determinado lugar. Não sabemos qual é mais rápido e o mais seguro numa determinada hora do dia. Uma vez que juntarmos as informações sobre distância, trânsito e condições da rua, sobre experiências passadas e parecer dos outros, a resposta final vai nascer de um ato de fé. Não temos como ter certeza de nada, portanto, a dúvida não pode nunca ser extinguida por completo (a menos que não seja uma dúvida matemática!). Essa fé, por sua vez, é fé na vida, mas também é sobretudo na fé-no-que-se-sente-da-vida. A fé na vida é mediada pela nossa percepção dele, por nós mesmos, ou seja, pela fé que temos em nós mesmos. Enfim, a confiança que depositamos em nossas percepções (internas e externas) está ligada à nossa autoestima.

Ao focar na busca por certezas e seguranças, estamos traindo nossa baixa autoestima e, num círculo vicioso, alimentando a própria dúvida. Como não há certezas absolutas fora as equações numéricas, procurar certezas eleva automaticamente o grau de nossa insegurança, além de nos iludir. Mascarados de racionalidade, bom senso e cautela, os discursos da dúvida cozinham no fogo sempre aceso da falta de confiança em si, no que se sente, no que se pensa, no que se quer e no como se faz. Ou seja: na baixa autoestima.

Como é, então, que se tomam as decisões mais difíceis? Uma vez que a razão fez seu dever de casa – o que é importante – tendo esclarecido tudo o que estava ao seu alcance, tomar a decisão nasce de algo irracionalmente positivo que move (ou não) nossas pernas e nos leva adiante (ou nos mantém firmes), fiéis ao que nosso ser sente como verdade. E as coisas acontecem. Conforme as dúvidas são enfrentadas racionalmente no sentido de atraírem atenção para um determinado tópico que necessita de aprofundamento e reflexão, na pessoa com boa autoestima vai ao mesmo tempo sentindo crescer um sentimento de confiança como tendência para determinada escolha. E o que ela faz? Ela segue, alegre. Quando se encontra o caminho surge junto o sentimento de alegria. O ser (o Si-Mesmo junguiano) está feliz.

Mas a mente pode continuar perturbada, torturada pela dúvida e aí o sentimento de alegria é criticado como leviandade e, portanto, sufocado. A pessoa volta à estaca zero e diz-se que está empacada. Geralmente, ela permanece assim, até um novo ciclo da vida impulsionar a tentar novamente dar o salto de confiança. Às vezes, demora anos. As questões externas e objetivas são somente a ponta do iceberg. O verdadeiro problema reside debaixo d’água, naquilo que está inconsciente a pessoa.


(Adriana Tanese Nogueira)


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