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terça-feira, 17 de maio de 2016

CRÔNICA DE Annibal Augusto Gama " DA ARTE DE SER PATIFE"



Da arte de ser patife 

Nós, brasileiros, temos grande vocação para ser patifes, e quase não é necessário ensinar a ninguém, aqui, a arte de ser patife. Em todo caso, como ainda há alguns que não são patifes, vou ensinar-lhes a arte.
Patifaria nada tem a ver com as patas, embora também se possa praticá-la com a dita cuja. Comumente, porém, pratica-se a patifaria com as mãos, ou com a boca. E quando disse patas, não me referi aos patos e às patas, aves anseriformes, anatídeas, que nadam nas lagoas e botam ovos. De qualquer maneira, quem é vítima de uma patifaria é um pato.
O nosso PIB, em patifaria, é elevadíssimo, e cresce cada vez mais a cada governo, e há quem seja especialista nela, como os deputados e senadores.
A patifaria, comumente se faz através do engodo, da promessa não cumprida, do engano, da dívida contraída e não paga. Praticam-na os comerciantes, os publicitários, os empresários, os fabricantes, et caterva. Também pode ser o estelionato, ou o peculato, e coisas de semelhante gênero. É bem de se ver ainda que a patifaria não é violenta. Ela é exercida suavemente, através das palavras, convencendo-se a vítima de que está fazendo um bom negócio. Quando a vítima é também um patife que pretende tirar vantagem de outro patife que lhe propõe uma transação, há no caso o que se denomina fraude bilateral.
O patife não é um medroso, é antes um audaz e, como diziam os latinos, “audax fortuna juvat”.
As mil formas de patifarias são muito diversificadas, e entre elas há o conto do vigário. Não sei, porém, se há o conto do bispo. Isto é, há sim, o conto dos bispinhos de algumas seitas religiosas. Estes, praticam a patifaria através da exibição de exorcismos e têm sempre a Bíblia na mão.
Patifaria ainda faz o homem que trai a sua mulher, e vice-versa.
A patifaria jamais espatifa, porque, como já disse, é praticada suavemente, através da persuasão do bobo que vai sofrer-lhe as consequências.
Os cartórios estão cheios de patifarias registradas. Os jornais estampam as patifarias e também as cometem. Que dizer então dos canais de televisão? Até através do telefone se pode praticar patifarias.
O patife bem sucedido nunca vai para a Cadeia.
Na língua portuguesa há um livro velhusco, em puro vernáculo, com o título “A Arte de Furtar”. Nele se ensina não só a arte de furtar, mas também a arte da patifaria.
Como somos o país da patolândia, aqui a patifaria prospera a olhos vistos.
Também é comum a patifaria no jogo de cartas.
Os banqueiros são patifes bem remunerados.
Igualmente, nas Bolsas, com o sobe e desce das ações, a patifaria tem o seu lugar.
E se você praticar estas recomendações, será, sem dúvida, um patife bem sucedido.
Afinal de contas, a vida é também uma patifaria. Promete o que não nos dá, e nos dá o que não queremos.

Annibal Augusto Gama

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