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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

ARTIGO PUBLICADO NA REVISTA PÁTIO ENSINO MÉDIO ANO 4 Nº 14 SET/ 2012. O DIFÍCIL EQUILÍBRIO ENTRE TEORIA E PÁTICA.

 O difícil equilíbrio entre teoria e prática

Reportagem // MARCOS GIESTEIRA

A falta de professores com formação didático-pedagógica e de experiência na área lecionada é um dos problemas enfrentados pelas instituições de educação profissional e tecnológica
Até pouco tempo atrás era comum a ideia de que o trabalhador precisava apenas saber executar o seu ofício. A obrigação de aprofundar os estudos seria responsabilidade apenas de gente diplomada, como engenheiros, médicos e advogados. Essa premissa preconceituosa orientou o ensino técnico no Brasil durante muitos anos e moldou professores para atuar conforme uma lógica que priorizava a prática.
Com a política de ampliação do número de vagas e cursos, impulsionada nos últimos anos pela reformulação da Rede Federal de Educação Profissional Tecnológica e pela criação dos Institutos Federais, a contratação de novos docentes tornou-se necessária e trouxe consigo um efeito contraditório: uma leva de novos professores carentes de experiência na aplicação dos conteúdos.
A legislação em vigor exige que, para atuar no ensino técnico, o professor tenha graduação universitária. A partir desse pré-requisito, a formação mínima e os critérios para assumir a função, como o da experiência prática, são estabelecidos nos editais de concursos para provimento de vagas em cada instituição, que tem autonomia para definir suas exigências.
Mesmo que o ingresso de professores com maior formação tenha contribuído para melhorar a qualidade dos cursos, uma vez que parte desses profissionais tem longa trajetória acadêmica — muitos inclusive são mestres e doutores —, o resultado é uma grande disparidade no nível dos educadores que atuam nesse segmento. “Necessitamos de uma formação pedagógica que trate, além dos elementos principais do exercício da docência, da especificidade que é trabalhar com o ensino técnico”, reconhece o diretor de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Claudio Farias. “Leciono diversas disciplinas de administração e economia, mas, assim como meus colegas das áreas de contabilidade, direito e engenharias, nossas graduações não disponibilizam licenciatura”, destaca.
Segundo o coordenador executivo do Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Luiz Gilberto Kronbauer, é comum haver professores com saberes consolidados em suas áreas, mas que não sabem planejar atividades de ensino e aprendizagem. “Não basta ter didática e metodologia adequada ao campo de conhecimento. É preciso saber planejar as atividades para o perfil etário, psicológico, econômico e cultural dos estudantes”, salienta Kronbauer.

Conhecimento prático e teórico

A falta de profissionais com formação didático-pedagógica e experiência prática impede que a preparação do aluno ocorra de maneira integral, provoca o seu desinteresse e, o mais grave, não atende à principal premissa da modalidade: o rápido ingresso dos jovens no mercado de trabalho. Oferecer uma aprendizagem apropriada e ajudar os alunos a desenvolver as habilidades necessárias é tarefa dos professores, e a vivência auxilia bastante nesse processo. “O desafio consiste precisamente em aliar conhecimento prático e teórico em prol da elevação da qualidade do ensino técnico, o que, em certa medida, depende da experiência que se adquire nas salas de aula, nas bancadas e nos laboratórios”, concorda o secretário de Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), Marco Antonio de Oliveira.
Até mesmo em instituições com histórico protagonismo na área, como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), ocorrem dificuldades para contratar docentes capacitados. “Ainda é difícil encontrar profissionais que tenham ao mesmo tempo formação tecnológica aliada à pedagógica e que saibam aplicar tanto as modernas tecnologias educacionais quanto os recursos de aprendizagem”, afirma a coordenadora do Programa Nacional de Capacitação de Docentes do SENAI, Loni Manica.

Período de transformações

Uma das explicações para o segmento ter se estruturado de maneira dicotômica é o período de transformações por que ele passa no Brasil. De acordo com o diretor de Educação Profissional e Tecnológica do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), James William Goodwin Júnior, durante muito tempo houve uma cultura generalizada de que esse tipo de ensino era prioritariamente voltado para as classes mais pobres da sociedade — um curso de “segunda categoria” — e de que deveria atender, antes de mais nada, às demandas imediatas de empregos.
O efeito disso foi um processo educativo que não privilegiava a reflexão sobre a técnica, sua relação com a ciência e seu lugar na sociedade. “Boa parte da geração de professores em atividade no país não teve uma formação que os preparasse para isso, mas felizmente esse quadro está mudando”, garante Goodwin Júnior. Ele atribui tal mudança ao fato de a educação profissional ter passado a ser vista como um campo educacional, envolvendo aspectos didáticos e pedagógicos e a se relacionar com a produção científica e a pesquisa.
Os grandes desafios relacionados às mudanças no mundo do trabalho, principalmente no que se refere aos efeitos das inovações tecnológicas no aumento das exigências de qualidade na produção e nos serviços, também influenciaram essa realidade, afirma a coordenadora pedagógica do Tecpuc, instituição de ensino técnico e médio integrado do Grupo Marista, Ana Carolina Furis. “Esses elementos têm um impacto significativo na prática desses profissionais quando atuam como docentes, pois se faz necessário ter maior atenção às questões relacionadas à ética, à justiça social, ao trabalho em grupo e ao conhecimento científico”, afirma ela.
A primeira barreira para reverter tal dissonância é acabar com a resistência de profissionais de outras áreas em relação à formação pedagógica. Existe uma convicção instalada de que o domínio dos conteúdos específicos de atuação é suficiente para se cumprir satisfatoriamente o papel da docência. Por outro lado, faz-se confusão entre a preparação para atuar no ensino técnico e no nível superior. “O fato de ser mestre ou doutor em determinada área de conhecimento e aplicação não significa que se esteja preparado para atuar na educação básica, seja ela profissional ou não”, avisa Kronbauer.

Mudança na legislação

Somente após a mudança de posturas como essa é que poderão ser efetivamente enfrentados os principais desafios apontados pelo MEC nesse âmbito: implantar cursos de formação pedagógica específicos para a modalidade, estimular os professores para que se submetam a um processo contínuo de qualificação e requalificação e ampliar a oferta de treinamentos presenciais e a distância.
Enquanto isso não se torna realidade, Claudio Farias sugere uma alternativa bem mais plausível: a mudança da legislação que regula a contratação de educadores nas instituições públicas federais, ampliando a possibilidade de ingresso àqueles que têm experiência profissional e não apenas os que têm instrução acadêmica. “Muitos cursos técnicos poderiam ter suas aulas ministradas por professores com formação técnica. É o caso, por exemplo, daqueles vinculados aos setores de edificações, cozinha e hotelaria, entre outros”, indica.
A criação de institutos de ensino superior que construam currículos e ofereçam programas para a formação de professores de todos os eixos tecnológicos, em parceria com os estados, seria outro passo importante na avaliação do coordenador de Ensino Médio e Técnico do Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula Souza, Almério Melquíades Araújo.
Falta política de capacitação
As mudanças na educação profissional ainda não são acompanhadas por um programa de formação que defina as competências do professor


A inexistência de uma política consolidada de capacitação docente para atuar na educação profissional, respeitando as especificidades desse modelo, é um dos equívocos citados pela coordenadora pedagógica do Tecpuc, Elaine Cristina Nascimento. Em sua avaliação, a formação dos professores que atuam no ensino técnico precisará superar o histórico da fragmentação dos conhecimentos e do improviso. “Embora os cursos de licenciatura já privilegiem em seus currículos uma preparação com base na pesquisa-reflexão-ação, precisariam abordar com maior especificidade a relação com o mundo do trabalho”, pondera.
É importante lembrar que as mudanças na concepção da educação profissional exigiram a reformulação das práticas formativas já consolidadas. Hoje se exigem educadores com qualificação científica e que ainda consigam preparar os estudantes para um mercado em constante ampliação e mudança. “Um aspecto que precisa ser mais bem definido é o tipo de educação profissional que se quer”, afirma James William Goodwin Júnior, do CEFET-MG. Ele aponta a necessidade de módulos rápidos, para capacitação imediata em atividades específicas, e uma demanda ainda maior de uma base técnico-tecnológica que possa sustentar o desenvolvimento econômico do país. “As aptidões necessárias para atuar como professor são diferentes em ambos os casos, e não se podem misturar as coisas, sob pena de não se fazer nenhuma das duas bem-feitas”, alerta.
Recursos do Pronatec
Recentemente, a modalidade voltou a ganhar destaque nos jornais com o lançamento do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Apesar de estar focado na oferta de cursos — a meta é disponibilizar cerca de 8 milhões de vagas nos próximos quatro anos —, o Pronatec também destinará verbas para a formação docente por meio de subprogramas como o Brasil Profissionalizado, que envolve a construção e a reforma de escolas técnicas estaduais, incluindo laboratórios, capacitação e apoio pedagógico, e a rede E-TEC, voltada para a promoção de treinamentos a distância, uma ferramenta que cada vez mais conta com a confiança e o incentivo do governo.
Até o momento, de acordo com o MEC, as duas iniciativas já contribuíram para a formação de 1,2 mil professores e gestores e foram geradas 1,8 mil vagas em programas de pós-graduação. “O que ainda se faz necessário é uma melhor articulação entre as redes de educação profissional, as universidades federais e as instituições ofertantes de cursos de formação continuada, assim como a realização de acordos de cooperação interinstitucional, nacionais e internacionais e a execução de estágios técnicos em laboratórios e em empresas”, diz o secretário Marco Antonio de Oliveira.
Formação em serviço
Sem esperar pelo Estado, algumas instituições já promovem a capacitação de seus professores
Pioneiro no assunto, o Centro Paula Souza — que administra 207 Escolas Técnicas (Etecs) e 55 Faculdades de Tecnologia (Fatecs) estaduais em 159 municípios paulistas — realiza a preparação técnica e pedagógica de seus docentes do ensino técnico de maneira contínua há 23 anos. A ação tem atingido anualmente mais de 25% dos quadros das Etecs e também a maioria dos coordenadores e diretores. As capacitações são direcionadas para as várias áreas profissionais e eixos tecnológicos, conforme as bases científicas e as competências a serem desenvolvidas em cada curso. “Os projetos especiais de formação de professores para graduados de diferentes áreas têm amenizado o problema nos últimos 30 anos em São Paulo”, destaca o coordenador de Ensino Médio e Técnico, Almério Melquíades Araújo.
Na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), existe o Programa Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação Profissional (PEG), um tipo de licenciatura que forma docentes para que atuem em diversas modalidades tecnológicas. O PEG iniciou em 2009 e busca desenvolver competências como a resolução de problemas pedagógicos, o planejamento de atividades e a gestão educacional dos alunos. “Posso afirmar que, ao ingressarem no curso, os estudantes não têm a mínima noção das questões básicas da área de educação. Porém, no decorrer das aulas, vai se instaurando gradativamente uma familiaridade com as subáreas, até muito mais perceptível do que nas licenciaturas”, conta Luiz Gilberto Kronbauer.
O SENAI também não espera por políticas públicas e capacita os seus profissionais por meio do Programa Nacional de Capacitação de Docentes (PNCD). O objetivo é apoiar a melhoria da qualidade dos educadores e dos processos educacionais, mediante a consolidação da metodologia de formação por competências. A iniciativa prevê a habilitação pedagógica de 6,5 mil docentes e a capacitação tecnológica de outros 4,5 mil durante o triênio 2012-2014, em cursos de preparação flexível, modular, com base em habilidades, presencial e a distância. Para complementar a parte pedagógica, a entidade desenvolve ainda um plano que prevê atualização em 38 áreas tecnológicas, com base nos itinerários nacionais que foram desenhados em consonância com as demandas da indústria.
O CEFET-MG aposta no Mestrado em Educação Tecnológica e no Curso de Formação de Professores para fortalecer os aspectos pedagógicos e didáticos do ensino técnico. Oferece, além disso, políticas de incentivo à qualificação acadêmica dos docentes — com bolsas e licenças para mestrado e doutorado e participação em eventos científicos —, além de programas de pesquisa, que vão desde a pós-graduação ao técnico de nível médio. “A ideia é qualificar os professores para criar um ambiente que valorize o saber-fazer, em que se saiba a melhor maneira de ensinar e aprender, em que se reflita sobre o que se sabe e o que se faz, como isso ocorre ou qual seu lugar e seu impacto na sociedade”, explica James William Goodwin Júnior.


Observação: Este conteúdo encontra-se publicado no seguinte endereço: http://www.grupoa.com.br/site/revista-patio/artigo/
Páginas da Revista: 40 - 41.


Créditos das Imagens:
Ilustração ©iStockphoto.com/danleap
Fabiana Carvalho/divulgação
Mais Eventos e Turismo/divulgação
Gastão Guedes/divulgação

quinta-feira, 5 de julho de 2012

EDUCAR COM ARTE E A ARTE DE EDUCAR.



Educar com arte e a arte de educar (William Lara)



    A tarefa da educação é delicada porque supõe, em princípio, amor, desprendimento, doçura, firmeza, paciência e decisão.
Diversas obras já foram escritas sobre esse assunto. Quantas vezes professores e pais, cheios de entusiasmo e esperança, compram este ou aquele livro com o intuito de resolver um problema específico que os preocupa em relação à atitude de alunos e de suas crianças?
Ao ler... vê-se tão fácil! Os livros contêm, às vezes, infinidades de teorias, fórmulas e até conselhos que parecem mágicos, com diálogos imaginados e reações quase perfeitas dos alunos e das crianças diante da iniciativa dos professores e dos pais. Se fosse apenas isso, na vida diária...
No entanto, a realidade é outra. Quando os professores e os pais tentam colocar em prática alguns desses conceitos que acabam de ler e isso não sai como eles esperavam, pensam: "O que aconteceu? Onde está o erro, se fiz exatamente o que o livro dizia?"
Acontece que "educar é uma ciência e uma arte; uma arte porque não tem regras fixas, ou seja, cada caso é diferente, cada circunstância é única".
Um pequeno texto, uma palavra, um gesto, uma pintura, um desenho ou uma ajuda em uma situação em que não esperávamos pode preencher uma vida, mudar seus horizontes e abrir possibilidades para nós mesmos, pois muitas vezes entender, explicitar ou descrever é um bem, um exercício.
Então...
O que podem fazer vocês, professores e pais, quando se sentem desorientados e aflitos? Às vezes querem se dar por vencidos ou descarregar a responsabilidade em um terceiro (coordenadores, psicólogos, etc.). Mas, no fundo, todos sabem que é sua responsabilidade dar aos alunos e filhos as ferramentas e respostas de que necessitam. São os educadores que devem ensinar-lhes o sentido da vida e capacitá-los para vivê-la.
O objeto da educação não está só no sentido literal do verbo “educar”, mas, sim, no modo como o fazemos, a forma como prosseguimos pensando, o tipo de distinções que apresentamos, a moral e a ética dos critérios em que baseamos o caminho a percorrer.
Educar é como ensinar alguém a andar ou a falar (nada de metafórico existe nessa comparação). Andar verticalmente e falar é a educação mais fundamental do modo de ser quem somos: humanos. Aprender a ler, a fazer contas e a dominar a técnica, o conhecimento científico e o processo de desenvolvimento de mais e mais conhecimentos no âmbito de uma comunidade em que estamos imersos é a mesma coisa que aprender a falar. Todos esses aspectos que enquanto adultos nos envolvem são distinções no âmbito do processo fundamental que nós próprios somos: um erguer e um puxar, um indicar de possibilidades, um mostrar de mundos, um incentivar e ajudar, um responsabilizar, autonomizar e cuidar.
Em resumo, educar, desde os primeiros dias até os últimos, é deixar os outros serem humanos — ensinar, no sentido de educar, é muito mais difícil do que aprender. E por que isso é assim? Não apenas porque quem ensina deve dominar uma maior massa de informações e tê-la sempre pronta a ser utilizada, mas porque ensinar requer algo muito mais difícil, complexo e poderoso: deixar aprender.
Quem verdadeiramente ensina passa realmente pelo aprender. Esse aprender, por sua vez, deixa de ser revelado e tem seu fundamento na liberdade individual.
O que aprendemos quando aprendemos a aprender? O que aprendemos quando somos educados? O que é a educação? Com base em que a educação ganha seu sentido, sua pertinência, sua vitalidade e seu caráter decisivo? A resposta é simples: educar é deixar surgir o homem e suas possibilidades.
Por tudo isso, a educação é essencialmente um apontar de possibilidades, de distinções, de relações e de humanidade. Educar é abrir, é erguer, é questionar, é duvidar e ensinar a duvidar, é ser modesto em saber ajudar. Quem deve então educar quem? A resposta é a mesma que foi dada à pergunta “Quem ajuda quem?”.
Viver é aprender. O tempo muda-nos porque tudo nos ensina. Passando o que passa, aprendemos o que fica. O passado fica da forma como para cada um de nós as coisas ganham seus significados, individualmente, em uma vida que é um permanente ter sido e um constante projetar de possibilidades. Uma chamada pelo nome, uma ajuda quando nada se esperava ou uma idéia tocada pelo entusiasmo, pela imaginação e pela vontade de partilhar, um olhar de cumplicidade, uma conversa sobre o que nunca se consegue ler, mas que sempre nos preocupou, ou simplesmente o brilho de um momento, o vislumbre de uma possibilidade que dá um sentido fundo ao que temos sido podem fazer muitas vezes tudo o que mais pode marcar um caminho e uma forma de estar no mundo.
Poderão questionar-se sobre que temas, assuntos, momentos ou histórias estamos aqui para falar...
A resposta é esta: sobre todos.
Na educação, o essencial não é o assunto ou o conteúdo, mas a perspectiva, o modo e a relação. Ou, antes, o objeto da educação não é um tema, como, por exemplo, a Geografia, a História, a Matemática, a Literatura ou as Artes Plásticas. Aquilo sobre o que a educação recai é um modo de ser, que cuida, que toma conta, que se envolve, deixa-se envolver e deixa ser.
Ouvimos muita coisa sobre educação nos dias atuais. Mas, tanto ontem como hoje, o homem é ele mesmo a educação, o ser que se ergueu, que repara e que cuida. Cuidando e ajudando, chamando e sendo cúmplices dessa chamada para a escolha constante das infinitas possibilidades que cada um de nós tem pela frente, podemos abrir o caminho e verdadeiramente educar e educar-nos.
Uma hora é uma medida, uma bola é um passatempo e um conceito é um instrumento, mas cada um de nós é todo o mundo. São todos os mundos do mundo que a educação tem por tema. Assim, a qualquer momento em qualquer mundo, uma palavra, um gesto ou um olhar pode entrar e não mais sair. Se tivermos sabido ou podido preservar e deixar preservar esses momentos, podemos muito bem tocar não apenas naquilo que no momento estamos fazendo, mas toda uma vida — e isso é verdadeiramente o objeto do educar.


 
* William Lara é jornalista, pós-graduado em Jornalismo Científico e editor da revista de educação Páginas Abertas - Paulus Editora.
willylara@aol.com

segunda-feira, 14 de maio de 2012

ENSINO E EDUCAÇÃO DE QUALIDADE.DIA: 14-05-2012.


 Pesquisando na Internet sobre EDUCAÇÃO e ENSINO DE QUALIDADE, me chamou a atenção para estes textos, que falam claramente sobre ensino de qualidade e educação de qualidade palavras distinto, com conceitos diferentes que muitas vezes  não são analisadas corretamente. Quando se fala em qualidade de ensino é necessário compreender qual a concepção que as pessoas têm sobre o tema, já que pode ser visto por vários ângulos.


Vale a pena ler e refletir.


Especialista em mudanças na educação presencial e a distância
Texto publicado no livro Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica, 12ª ed. Campinas: Papirus, p.12


 
Há uma preocupação com ensino de qualidade mais do que com a educação de qualidade. Ensino e educação são conceitos diferentes. No ensino se organizam uma série de atividades didáticas para ajudar os alunos a que compreendam áreas específicas do conhecimento (ciências, história, matemáticas).
 
Na educação o foco, além de ensinar, é ajudar a integrar ensino e vida, conhecimento e ética, reflexão e ação, a ter uma visão de totalidade. Fala-se muito de ensino de qualidade. Muitas escolas e universidades são colocadas no pedestal, como modelos de qualidade. Na verdade, em geral, não temos ensino de qualidade. Temos alguns cursos, faculdades, universidades com áreas de relativa excelência. Mas o conjunto das instituições de ensino está muito distante do conceito de qualidade.
O ensino de qualidade envolve muitas variáveis:
  • Organização inovadora, aberta, dinâmica. Projeto pedagógico participativo.
  • Docentes bem preparados intelectual, emocional, comunicacional e eticamente. Bem remunerados, motivados e com boas condições profissionais.
  • Relação efetiva entre professores e alunos que permita conhecê-los, acompanhá-los, orientá-los.
  • Infra-estrutura adequada, atualizada, confortável. Tecnologias acessíveis, rápidas e renovadas.
  • Alunos motivados, preparados intelectual e emocionalmente, com capacidade de gerenciamento pessoal e grupal.
O ensino de qualidade é muito caro, por isso pode ser pago por poucos ou tem que ser amplamente subsidiado e patrocinado.
Poderemos criar algumas instituições de excelência. Mas a grande maioria demorará décadas para evoluir até um padrão aceitável de excelência.
Temos, no geral, um ensino muito mais problemático do que é divulgado. Mesmo as melhores universidades são bastante desiguais nos seus cursos, metodologias, forma de avaliar, projetos pedagógicos, infra-estrutura. Quando há uma área mais avançada em alguns pontos é colocada como modelo, divulgada externamente como se fosse o padrão de excelência de toda a universidade. Vende-se o todo pela parte e o que é fruto as vezes de alguns grupos, lideranças de pesquisa, como se fosse generalizado em todos os setores da escola, o que não é verdade. As instituições vendem externamente os seus sucessos - muitas vezes de forma exagerada - e escondem os insucessos, os problemas, as dificuldades.
 
Temos um ensino em que predomina a fala massiva e massificante, um número excessivo de alunos por sala, professores mal preparados, mal pagos, pouco motivados e evoluídos como pessoas.
Temos bastantes alunos que ainda valorizam mais o diploma do que o aprender, que fazem o mínimo (em geral) para ser aprovados, que esperam ser conduzidos passivamente e não exploram todas as possibilidades que existem dentro e fora da instituição escolar.
A infra-estrutura costuma ser inadequada. Salas barulhentas, pouco material escolar avançado, tecnologias pouco acessíveis à maioria.
 
O ensino está voltado, em boa parte, para o lucro fácil, aproveitando a grande demanda existe, com um discurso teórico (documentos) que não se confirma na prática.. Há um predomínio de metodologias pouco criativas; mais marketing do que real processo de mudança.
É importante procurar o ensino de qualidade, mas conscientes de que é um processo longo, caro e menos lucrativo do que as instituições estão acostumadas.
 
Nosso desafio maior é caminhar para uma educação de qualidade, que integre todas as dimensões do ser humano. Para isso precisamos de pessoas que façam essa integração em si mesmas do sensorial, intelectual, emocional, ético e tecnológico, que transitem de forma fácil entre o pessoal e o social. E até agora encontramos poucas pessoas que estejam prontas para a educação com qualidade. 



QAUALIDADE NA EDUCAÇÃO:



Moacir Gadotti no Fórum Estadual Extraordinário da UNDIME - 2009, apresentou um texto que diz o seguinte:
"Qualidade significa melhorar a vida das pessoas, de todas as pessoas. Na educação a qualidade está ligada diretamente ao bem viver de todas as nossas comunidades, a partir da comunidade escolar. A qualidade na educação não pode ser boa se a qualidade do professor, do aluno, da comunidade, é ruim. Não podemos separar a qualidade da educação da qualidade como um todo, como se fosse possível ser de qualidade ao entrar na escola e piorar a qualidade ao sair dela".
O autor da uma dimensão forte em relação ao ensino de qualidade e uma educação de qualidade, Educação, como a promoção do desenvolvimento da capacidade intelectual e moral de uma pessoa,é um processo que envolve o desenvolvimento de todas as características humanas, podendo ser também considerada como uma integração para o aprimoramento do ser humano.
Um ensino de qualidade depende de dois lados: o professor e o aluno. O professor tem a obrigação de conhecer bem a matéria e de saber, didaticamente, como explicar. O aluno tem a obrigação de levar a aula a sério, com respeito, esforçar-se para aprender.