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sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

POEMA "" AS POMBAS




As pombas
(Raimundo Correia)

Vai-se a primeira pomba despertada...
Vai-se outra mais... mais outra... enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada...

E à tarde, quando a rígida nortada
Sopra, aos pombais de novo elas, serenas,
Ruflando as asas, sacudindo as penas,
Voltam todas em bando e em revoada...

Também dos corações onde abotoam,
Os sonhos, um por um, céleres voam,
Como voam as pombas dos pombais;

No azul da adolescência as asas soltam,
Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam,
E eles aos corações não voltam mais..

Raimundo da Mota de Azevedo Correia nasceu em Barra da Magunça (MA), em 1859 e faleceu em Paris, França, no ano de 1911.

  Este poema, retrata os adolescentes, o que eles esperam  e desejam fazer, para depois todos os outros seguirem.Eles têm essa vontade de novas  descobertas, alçar voos, fazer coisas que não seria permitido pelos pais e nem  apropriadas para eles,mas esperam um iniciar,para seguirem em frente e ter a desculpa que não são primeiro.
o autor faz uma alusão aos  adolescentes, por ainda não estar  com a personalidade formada.

No azul da adolescência!


Segundo Valéria de Cássia Pisauro Lima,o
Poema é uma  crítica à espécie humana, apontando a vida, como sinônimo da perda de ilusões. O tema foi aproveitado do romance “Mademoiselle de Maupin” e do poema “Les Colombes”, ambos do parnasiano francês Théophile de Gauthier.
O poema “As Pombas” ilustra uma boa alegoria, pois cada elemento dos dois primeiros quartetos será pontilhado pela imagem correspondente dos dois últimos tercetos. Como se trata de um conjunto de metáforas, logicamente concatenadas, dá-se a alegoria.
No texto, a revoada das aves é apresentada como uma cena do amanhecer. Na terceira estrofe, porém, o conteúdo do poema ganha densidade com a analogia entre pombas e sonhos: as primeiras partem, mas retornam sempre ao cair da tarde, enquanto os sonhos, que deixam os corações, perdem-se pelo vasto mundo.
A excelência dos versos de Raimundo Correia está intimamente ligada a sua capacidade de pintar a natureza em tons fortes, criando imagens sugestivas de grande carga poética.
Sobre um dos poemas publicados, afirmou Manuel Bandeira, em “Raimundo Correia e o seu sortilégio verbal”:
“Foi a propósito de “Plenilúnio” que Lêdo Ivo criou o neologismo “lunaridade” para denominar aquela encantação vocabular que faz da poesia outro idioma dentro de cada idioma. Realmente, não conheço em língua nenhuma, viva ou morta, exemplo mais cabal de lunaridade que esse poema, que exalta até as raias da loucura o sentimento de vigília noturna. Desde a terceira estrofe atinge ele as supremas paragens da visionária demência.”



O soneto ora apresentado foi publicado no livro "Sinfonias", Livraria Editora de Faro & Lino - Rio de Janeiro, 1883, e extraído de "Poesias completas", organização, prefácio e notas de Múcio Leão,Ed. Nacional - São Paulo, 1948, p.38. (Itaú Cultural - Panorama Poesia e Crônica).
Parte do texto publicado por Valéria de castro lima, em seu Blog Travessia Poética.
Imagens retiradas do Google

Um comentário:

Muitas vezes, a correria de nossas vidas nos impede de dar atenção ao que realmente vale a pena. Agradecer é uma das coisas que acabam ficando esquecidas nesta correria do dia-a-dia.
Pode ser por um simples gesto ou por uma grande atitude, mas o agradecimento nunca deve ser esquecido. Obrigada pela atenção e carinho e por ter vindo até aqui comentar minha postagem. Saiba que é importantíssimo para a valorização do que escrevemos.
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